O casal dono de um berçário no Centro de Sorriso, no norte do estado, investigado por torturar bebês e crianças que ficavam sob os cuidados do estabelecimento, foi solto após o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) aceitar um pedido de habeas corpus. O berçário começou a ser investigado após denúncias de pais que apontavam fatos graves de abusos físicos e emocionais contra as crianças.
O local, que estava legalizado, atendia crianças de 0 a 5 anos e cobrava cerca de R$ 948 na mensalidade.
O TJMT também impôs algumas medidas cautelares para serem cumpridas pelos investigados, como comparecer a Justiça em cada etapa do processo sempre que solicitado, eles também estão impedidos de manter contato com as vítimas ou testemunhas e não deixar o município de Sorriso sem autorização judicial.
De acordo com a Polícia Civil, nas investigações foram ouvidos 17 pais e responsáveis legais por crianças que foram atendidas na creche. As investigações continuam.
Entenda o caso
O casal foi preso no dia 14 de abril deste ano, após denúncias de pais que apontavam abusos físicos e emocionais contra as crianças. Entre as agressões narradas pelas testemunhas à polícia estão tapas nas nádegas e na boca, mordidas, puxões, golpes com raquetes, empurrões e beliscões contra as vítimas.
Os investigados foram presos por quatro crimes: tortura e castigo, ameaça, maus-tratos e omissão perante à tortura contra oito crianças atendidas pelo berçário.
Segundo a delegada Jéssica Assis, também foram ouvidos funcionários que trabalharam no local.
“São várias vítimas, várias testemunhas, pessoas que já trabalharam nesse hotelzinho relataram que havia situações sistêmicas de maus-tratos e tortura contra essas crianças, incluindo tapas e empurrões até as crianças caírem no chão. Várias mães procuraram a delegacia e temos relatos até das próprias crianças que já verbalizam, pois tem muitas que ainda não sabem falar”, disse.
Os donos alegavam que os atos serviam para ‘disciplinar’ as crianças. No entanto, as agressões eram imputadas a outras crianças, pela proprietária da creche, quando questionada pelos pais.